Recentemente, a Câmara Municipal de Salvador (CMS) travou uma acalorada discussão sobre ter ou não ter aulas sobre ideologia de gênero nas escolas da cidade. Nesse ponto, os dois lados assumiram exatamente a mesma posição: quiseram determinar o que os filhos dos outros aprenderiam na escola. Querer usar o governo para proibir as coisas que você não gosta ou obrigar as que você gosta são atitudes igualmente autoritárias.

No mundo ideal, haveria escolas com ensino de ideologia e sem ensino de ideologia, para que os pais decidissem o tipo de educação moral que querem dar aos filhos. Esses valores são subjetivos, e não cabe a você educar do seu jeito o filho do vizinho.
Para tornar isso viável, seria preciso um sistema no qual as escolas não fossem administradas pelo governo, o que vem sendo feito, sem sucesso no Brasil, há séculos. Estou falando de privatização sim, mas de uma forma que os pobres seriam os maiores beneficiados. Em 2016, em Salvador, foram registradas 63.550 matrículas em escolas municipais, enquanto o orçamento anual estimado para isso foi de R$ 451,5 milhões. Isso significa que cada aluno custa aos cofres públicos municipais R$ 6,63 mil por ano, ou R$ 553 por mês.

As escolas públicas são, via de regra, muito inferiores às escolas particulares, pois governos não são bons administradores. Por R$ 553 ao mês, é possível manter uma criança em ótimas escolas de bairro particulares, nas quais os pais terão poder de barganha para reclamar do que não os agradar, ou mudar a criança de escola se achar outra melhor. Para evitar que o dinheiro seja utilizado em outra finalidade, os pais não receberiam o dinheiro em espécie, mas uma espécie de cheque que só poderia ser trocado por educação. Seria a livre concorrência trabalhando em favor da educação.

Você, sendo mãe ou pai de aluno de escola pública municipal, não preferia que a prefeitura disponibilizasse esses 553 reais pra você matricular seu filho na escola particular de sua preferência? Será que o governo cuida melhor da educação do seu filho do que você mesmo? Visite uma escola pública e descubra como esse valor é bem administrado.

Artigo de autoria de Priscila Chammas publicado em 28/06/2016 no jornal Tribuna da Bahia.

Fonte: Priscila Chammas no Facebook